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Gerenciamento de riscos no transporte de cargas: tire aqui suas dúvidas

Publicado por Fábio Cunha em Transporte.

O transporte rodoviário responde por cerca de 60% da movimentação de carga no Brasil. Com baixo investimento governamental em infraestrutura logística (o que eleva os custos de manutenção dos caminhões), alto índice de roubo nas rodovias e defasagem no valor do frete ― 24,83% na carga lotação e 11,77% na carga fracionada, em 2017 ―, o gerenciamento de riscos no transporte de cargas se tornou estratégia chave para a sobrevivência das empresas do setor.

Em momentos de crise, não há espaço para correções no frete. Paralelamente, os aumentos nos preços dos combustíveis, a elevação da sinistralidade do segmento (que aumenta o prêmio dos seguros) e os altos custos com manutenção pressionam os demonstrativos de resultados das transportadoras, exigindo aumento da margem de lucro a partir da mitigação dos riscos.

Uma transportadora que não faz gestão de riscos tem poucas chances de se manter de portas abertas no médio prazo. Se você é coordenador operacional/gerente logístico, este artigo vai ser seu miniguia para aprender a otimizar sua gestão por meio de um gerenciamento de riscos preventivo e eficiente!

O que é gerenciamento inteligente de riscos no transporte de cargas?

Trata-se do processo de aplicação de tecnologia para diminuir riscos em todas as etapas operacionais da transportadora. Envolve todos os processos logísticos das empresas do setor, como armazenamento, movimentação, transporte e distribuição.

Esse gerenciamento, essencial em um país cujo custo logístico consome 12,7% do PIB, é feito aliando planejamento à Ciência de Dados para otimização de processos. Quer um exemplo?

Imagine como sua rotina seria mais simples se você tivesse uma solução de gestão de frota automatizada (com disparo de alertas de manutenção, gestão eletrônica do ciclo de vida dos pneus e histórico detalhado dos veículos).

E se, além disso, essa mesma solução ainda oferecesse módulo TMS para rastreamento de carga (fortalecimento da segurança), emissão facilitada de CTe, MDFe, CIOT e EDI, além de importação automática de dados para dar mais agilidade no faturamento de seus fretes?

Na era dos negócios digitais, é preciso que também as transportadoras sejam digitais.

Por que é importante ter um plano de gestão de riscos?

O volume de riscos a que uma transportadora está sujeita é extremamente variado, passando por um oceano de questões:

  • se sua empresa não possui soluções em inteligência logística para rastrear carga, as possibilidades de interceptação do veículo sem posterior localização são muito maiores;
  • os frequentes roubos de carga podem levar a empresa ao colapso financeiro, especialmente pela mácula na credibilidade diante do mercado;
  • avarias e extravios de carga também podem manchar a imagem de sua transportadora de forma irreparável;
  • não conhecer a legislação do setor resulta em multas e apreensões das mercadorias ou do próprio caminhão.

Trabalhar todas essas variáveis para reduzir as possibilidades de ocorrências impactam seus resultados financeiros e pode ser a diferença entre sucesso e estagnação no setor. Isso passa, evidentemente, pelo investimento em tecnologia.

Quais os principais riscos no transporte de cargas?

Roubo de cargas

A interceptação provoca prejuízos anuais de R$ 6,1 bilhões no Brasil, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. O pior é que os assaltos chegam a aumentar em até 20% o preço dos produtos transportados.

Altos custos de manutenção dos veículos

O desalinhamento das rodas do caminhão aumenta o consumo dos pneus e também do combustível. Se o filtro do óleo de sua frota não for trocado no tempo correto, partículas podem entrar no motor estragando cilindros, pistões, anéis e válvulas.

Há a possibilidade, inclusive, de o motor fundir completamente em função dessa negligência. Todos esses custos podem ser mitigados por meio de sistemas eletrônicos de manutenção.

Avarias e extravios

Os casos de indenizações altíssimas fixadas em juízo às transportadoras que entregam as mercadorias com avarias (ou deixam de efetuar a entrega integral por causa de extravios) são vastos.

Multas e apreensões

A legislação brasileira é extensa quanto à regulamentação do transporte de carga. Isso quer dizer que as possibilidades de multas são grandes quando não há nenhum conhecedor do tema em sua transportadora. A simples ausência dos documentos obrigatórios na movimentação de carga, por exemplo o CIOT, gera multa de R$ 550.

A mesma multa incide se o Conhecimento de Transporte (CTe) não estiver com as informações obrigatórias. Já aos veículos não cadastrados no RNTRC, cabe multa de R$ 1.500,00.

Como fazer um gerenciamento de riscos eficiente

Diante dessa imensidão de riscos possíveis, como se prevenir? Eis algumas ações fundamentais:

Controle de cargas e pedidos de frete

Reduzir riscos é ter controle sobre todas as operações. Existem sistemas de gestão para transportadoras com módulo de controle total para as suas cargas: processos de coleta, entrega e transferências entre filiais. Esses sistemas evitam erros por desencontro de informações e extravios.

Uso de inteligência embarcada para monitoramento a distância

Em uma era de tecnologias de geolocalização, é imprescindível que sua frota seja monitorada a distância. Muitos dos sistemas que oferecem essa tecnologia de rastreamento realizam também planejamento inteligente de rotas, evitando que o caminhão retorne vazio e considerando os índices de roubo em cada trajeto.

Realização de mapeamento das cargas

Fazer um mapeamento completo das cargas é essencial para reduzir riscos de avarias, uma vez que cada entrega enseja embalagem, veículo e formas de armazenamento específicos.

Controle eletrônico da manutenção da frota

Os melhores sistemas de Inteligência Logística citados neste artigo possuem também controle de pneus automatizado e de médias de abastecimento, além de gerenciamento eletrônico de manutenção.

O disparo de alertas para a realização de cada reparo ou troca ajuda a diminuir os custos com a gestão da frota e a evitar o desgaste precoce dos veículos, além de panes e paradas em locais indesejados e de alto risco de roubos ou acidentes.

Estudo de gerenciamento de risco em transporte de cargas (específico para cada cliente)

Cada carga e cada cliente apresentam riscos diferentes para serem controlados. Por isso, o ideal é que o coordenador operacional/gerente logístico tenha um plano personalizado para cada um, em vez de um procedimento padrão. Alguns passos para desenhar esse projeto:

  • Conhecer o cliente e os detalhes de sua operação. Mapeamento de pontos críticos e oportunidades.
  • Conhecer as especificidades da carga a ser transportada (índice de roubos, cuidados específicos no transporte, eventual regulamentação sobre sua movimentação).
  • Elaborar um projeto customizado a partir das informações coletadas. Agir previamente e implementar ações corretivas e preventivas.
  • Retroação: avaliar os resultados e efetivar ajustes para os próximos pedidos do cliente.

Realizar um bom processo de seleção de motoristas e colaboradores

Uma boa estratégia de gestão de riscos em transporte e logística começa no processo de seleção de motoristas e colaboradores. A escolha acertada do profissional no processo seletivo, reduz em muito as preocupações, os problemas e os prejuízos em função de má conduta e/ou o não cumprimento das orientações da empresa e dos processos de gerenciamento de riscos.

Um profissional consciente e com a postura adequada ajuda a diminuir os riscos de roubos e sinistros nas operações de transporte da cargas, e para isso é altamente recomendável que se cumpra no mínimo as seguintes etapas:

  • Testes psicológicos;
  • Testes práticos de direção e habilidades operacionais;
  • Treinamento de integração na cultura da empresa;
  • treinamento de integração nos procedimentos e plano de gerenciamento de riscos da empresa;
  • Designar um “tutor” que irá acompanhar as primeiras viagens.

Ter um ciclo constante de treinamentos e atualização para motoristas e demais colaboradores

Tão importante quanto selecionar bem e dar orientações iniciais, é também o processo de atualização constante do profissional, mantendo-o integrado e comprometido com a cultura e estratégia da empresa, assim como fomentando o seu aperfeiçoamento e desenvolvimento pessoal e profissional.

Este é um ponto que muitos gestores acabam não investindo por achar caro, porém é muito mais caro conviver com colaboradores despreparados e desmotivados, portanto o investimento em treinamentos quando bem feito, tende a retornar à empresa em um curto espaço de tempo através da diminuição da sinistralidade e também do aumento da satisfação dos clientes.

Conhecimento da legislação básica de transporte de cargas

Ter conhecimento sobre a legislação de transporte e logística é fundamental para evitar multas e apreensões de carga. Alguns normativos que você, gerente logístico ou coordenador operacional, precisa dominar:

  • Lei Federal nº 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro – CTB)
  • Lei Federal nº 11.442/2007: dispõe sobre as regras gerais para o transporte rodoviário de cargas.
  • Resolução CONTRAM nº 210/2006: define limites de peso e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres.
  • Resolução CONTRAM nº 128/2001: fixa a obrigatoriedade de uso de instrumentos de segurança para melhorar a visibilidade diurna/noturna nos veículos de transporte.
  • Lei 13.103/2015: dispõe sobre o exercício da profissão de motorista.
  • Decreto nº 49.487/2008: regulamenta o trânsito de caminhões na cidade de São Paulo.
  • Legislação geral ANTT.

Contratar e manter em dia suas apólices de seguro

O objetivo primordial do trabalho de gerenciamento de riscos é evitar o sinistro, porém, em alguns casos, apesar de todas as medidas de segurança tomadas os problemas ainda podem acontecer, e neste momento é de vital importância que se tenha as devidas apólices de seguros, que irão limitar os prejuízos e garantir a continuidade das operações da empresa.

É fundamental que se tenha em mente que a averbação do seguro de carga deve ser feita antes do inicio da operação, e para isso um bom software TMS poderá realizar a averbação de forma integrada e automática, evitando esquecimentos e garantindo a cobertura em caso de sinistro.

Utilizar os serviços de consulta motoristas em uma companhia gerenciadora de riscos

Hoje em dia muitos embarcadores exigem das transportadoras que carregam suas cargas, que os motoristas tenham cadastro aprovado em uma gerenciadora de riscos, e isso constitui um fator muito importante para diminuir a probabilidade da incidência de roubos ou acidentes, já que na consulta à gerenciadora de riscos diversos aspectos são avaliados por ela antes de emitir um parecer positivo sobre o motorista para realizar a operação em questão.

Outro ponto que pode ser otimizado é o cadastro e consultas na gerenciadora de riscos, que com um bom sistema para transportadoras (TMS), este processo pode ser feito de forma integrada, economizando tempo e evitando retrabalho, esquecimento e erros.

Sua gestão de transporte de cargas incluía, até este momento, algumas das ações, estratégias e ferramentas citadas neste artigo? Deixe seu comentário aqui no post!

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